Para ele, 8

As vezes fico a pensar como tudo começou. Naquele momento longo em que nos apaixonamos, em que foste roubando o meu coração. És tão Primavera e Outono ao mesmo tempo.
Sabes, sempre que penso nesse momento uma flor de cerejeira desperta em mim e um leve vento sopra na minha barriga. Dou por mim a rir das tuas piadas no meio da rua, a sorrir as tuas palavras, a corar o teu olhar. E sempre foi assim. Engraçado, não começamos com o normal, não começamos pelas típicas conversas que as pessoas tem para se ir conhecendo. Fomos roubando pedaços um ao outro, roubando olhares e interpretando expressões, roubando palavras silenciosas e pequenas confissões. Conheceste-me melhor que toda a gente, e nem precisamos de uma conversa a volta de um vinho tinto para tal: roubaste cada pedaço da minha alma, até o mais obscuro; e eu roubei-te de igual o teu coração. Descobri em ti o que não reconhecia nas outras pessoas. Magia. Como se fosse magia: mil frasquinhos de pó de fada libertados em cima de nós: assim eu defino o que tínhamos.
Sei que tenho respirado cada som teu, sei que transpiro cada gesto teu. Sei que deste que tens o meu coração que sou o melhor de mim. Oh, como eu sinto a tua falta... A falta do teu cheiro nos dias de praia. Não te largo pois, se a magia existir como acredito, iremos estar juntos. E aí meu amor: seremos eternos.