Surgery: Another bit of me to be loved

Hi lovers

Como sabem passei a minha vida a tentar aceitar-me. A tentar aceitar as curvas do meu corpo, a celulite, as estrias, as linhas do meu rosto, os meus olhos… enfim, a aceitar-me. Mas só neste último ano é que consegui fazer isso na sua plenitude. Claro que há dias maus, afinal de contas, como me disseram, curar é um processo lento e com recaídas.

Mas sinto-me mais forte e feliz porque, pela primeira vez, não tento mudar-me mas sim, amar-me tal como sou. Não podia estar mais orgulhosa deste meu percurso, há uns anos não usava muitos decotes nem saias pois tentava esconder-me ao máximo (ter tido um namorado extremamente abusivo ajudou nisso também, confesso), não me sentia à vontade na praia… Tratava-me mal. Havia dias que o meu almoço era um iogurte líquido. Lembro-me dos ataques de choro a frente do espelho, de como é destrutivo odiares-te e seres a pessoa que mais te faz mal. Ter este tipo de atitude perante o teu corpo não vai afetar somente a maneira de te veres fisicamente, mas, também, psicologicamente. Sentia-me uma falhada, uma inútil. Estes pensamentos destrutivos foram uma das principais causas para os meus problemas de saúde mental. Sofrer de ansiedade e de depressão é uma luta tão solitária e dura, ninguém deveria ter que passar por isto. Hoje e o dia mundial da saúde mental e queria dizer isto: não és fraco. Não estás sozinho. Fala, procura ajuda. A tua dor é válida, vais ultrapassar.

Nesta minha conquista pelo amor ao meu corpo, tenho escrito muito sobre “body positive”. Fiz sessões fotográficas nua, a mostrar os meus defeitos, vulnerabilidades, força e resistência. Mas, como disse, a cura não é linear.

Amanhã vou ser operada. Vou ter que reduzir os meus peitos por motivos de saúde. E, vou ser sincera, estou mesmo em baixo. Choro, sinto que não vou ficar bonita, tenho medo das cicatrizes… Medo de voltar a sentir-me como antes sentia. Demorei tanto tempo a aceitar os meus peitos, a tentar ignorar quando me gozavam a dizer que eram muito grandes e feios por isso, descaídos… E, agora que os amo, vou ser operada. E ficar com marcas. E tenho medo. Mas é um medo controlado. Na verdade, ao escrever isto, percebi o quanto tenho mesmo orgulho na minha força e na pessoa que sou. E que estou cheia de marcas, quer físicas quer psicológicas, e eu aprendi a ama-las. Então, que venham as novas cicatrizes. Mais uma história, mais um bocado meu a ser amado.

Obrigada a todos que têm-me ajudado neste percurso, que se juntam a mim e me dão tanto amor e força, que serviram como inspiração.

Fotografia por Ana Ferreira

Hi lovers, As you know, I've spent my whole life trying to accept myself. Trying to accept the curves of my body, the cellulite, the stretch marks, the lines of my face, my eyes ... finally, accepting myself. But it was only this last year that I was able to do it in it's fullness. Of course there are bad days, after all, as I've been told, healing is a slow, relapsing process. But I feel stronger and happier because, for the first time, I don't try to change myself, but to love myself as I am. I couldn't be prouder of my progress, a few years ago didn't wear many necklines or skirts because I tried to hide myself as much as I could (having an extremely abusive boyfriend helped in that too, I confess), I didn't feel comfortable on the beach ... I treated myself badly. There were days my lunch was a liquid yogurt. I remember the crying attacks in front of the mirror, how destructive it is to hate yourself and be the person who hurts you the most. Having this kind of attitude towards your body will not only affect the way you see yourself physically but also psychologically. I felt like a failure, a useless one. These destructive thoughts were one of the main causes for my mental health problems. Suffering from anxiety and depression is such a lonely and hard struggle, no one should have to go through it. Today and the world day of mental health and I wanted to say this: you are not weak. You are not alone. Speak, get help. Your pain is valid, you will overcome this.

In this conquest of my love for my body, I have written a lot about "body positivity". I did naked photo shoots, showing my faults, vulnerabilities, strength and endurance. But, as I said, the cure is not linear. I'm going to have surgery tomorrow. I'm going to have to reduce my breasts for health reasons. And, I'll be honest, I'm really down. I cry, I feel I'm not going to look beautiful, I'm scared of the scars ... Fear of feeling like I used to. It took me so long to accept my breasts, to try to ignore them when they used to say that they were too big and ugly for that, uncouth ... And now that I love them, I'm going to be operated on. And stay with scars. And I'm scared. But it's a controlled fear. In fact, as I wrote this, I realized how proud I am of my strength and the person I am. And I'm full of marks, both physical and psychological, and I've learned to love them. So come the new scars. One more story, more of me to be loved.

Thank you to all who have helped me on this journey, who join me and give me so much love and strength that they served as inspiration.