Just ride
Passo os meus dias a procurar pelos raios de sol escondidos na minha pele. A recordar o sabor da liberdade, a gritar para o céu de braços abertos, a agarrar na terra molhada e sentir o seu cheiro.
Contínuo à procura dos raios de sol escondidos no meu sorriso. A recordar a inocência roubada, as cócegas na barriga de tanta felicidade, o som dos meus saltos nas folhas secas, o meu braço estendido de fora da janela do teu carro a sentir o vento frio e impiedoso.
Contínuo a procurar os raios de sol que brilham no meu cabelo. Sopro bolas de sabão e corro atrás dos dentes-de-leão, sento-me na relva e observo como as folhas ficam mágicas quando penetradas pela luz. Tudo parece puro, igual e bondoso. Tudo menos eu. Então contínuo a procurar por aquele raio de sol.
Sinto que sou mil e uma melodias e que sou mais poesia do que mulher. Vivo num paraíso escuro dentro de mim e, sinceramente, acostumei-me a viver assim. Metade humana, metade porcelana. Agarro o meu cabelo longo e selvagem com as minhas mãos frágeis e frias, olho-me ao espelho e sinto-me arrepiada ao perceber o quanto negros os meus olhos podem ser. Mas eu vivo num paraíso escuro e, tudo bem.
Hás dias em que sinto que os raios de sol escondidos em mim já acabaram. E fecho os olhos com força a recordar todos os momentos, todos os pedaços de calor que tenho em mim, todas as vezes que dancei no trigo ao sol e saltei para um riacho sem medo. E lembro-me de dizeres baixinho:
"espírito indomável,
coração selvagem,
ninguém te doma,
espírito indomável,
de coração solitário,
de olhos negros como o fundo do oceano"
E na tua poesia dancei, do teu veneno tomei e com a tua faca empenhei o meu coração.
Não tenho muito por onde fugir. Todos os caminhos vão dar a um espelho partido, por mais que eu corra... Encontro-me. Não importa que esteja descalça, de pés sujos e vestido rasgado, de cabelo despenteado e lábios a sangrar de tão secos que estão: o mais penetrante são os meus olhos perdidos. E afogo-me, tento salvar-me mas não consigo sair deste lugar frio e sombrio.
E eu que sempre fui tão emotiva, sentia tudo a mil e intensamente e agora sou uma sombra. Sou uma selvagem no meio das pessoas, sinto-me constantemente fora de contexto e com medo. Vejo espingardas onde deveriam estar cravos, mentiras onde devia estar amor, desconfiança onde devia estar a felicidade. Como se cura um coração partido?
Sinto que sou mil e uma melodias e que sou mais poesia do que mulher. Vivo num paraíso escuro dentro de mim. Metade feita de carne, coração feito de pedra. Como aguentarei mais carregar este peso no meu peito?
E ouço-te dizer baixinho:
"espírito indomável,
coração selvagem,
ninguém te doma,
espírito indomável,
de coração solitário,
de olhos negros como o fundo do oceano"
Quebraste o meu espírito enquanto eu dançava nas ondas do mar. Roubaste-me a inocência enquanto eu dormia sobre a noite de lua cheia. Sinto-me constantemente nua e frágil. Os meus olhos ainda me pertencem?
E eu corro rápido, fecho os olhos quando meto o braço fora da janela de um carro para sentir o vento, mergulho no oceano e procuro por todos os raios de luz. Mas encontro sempre aquele maldito espelho.
Como se cura um coração partido? Metade humana, metade porcelana. Coração selvagem, espírito quebrado.
Por favor, conduz mais rápido.
Contínuo à procura dos raios de sol escondidos no meu sorriso. A recordar a inocência roubada, as cócegas na barriga de tanta felicidade, o som dos meus saltos nas folhas secas, o meu braço estendido de fora da janela do teu carro a sentir o vento frio e impiedoso.
Contínuo a procurar os raios de sol que brilham no meu cabelo. Sopro bolas de sabão e corro atrás dos dentes-de-leão, sento-me na relva e observo como as folhas ficam mágicas quando penetradas pela luz. Tudo parece puro, igual e bondoso. Tudo menos eu. Então contínuo a procurar por aquele raio de sol.
Sinto que sou mil e uma melodias e que sou mais poesia do que mulher. Vivo num paraíso escuro dentro de mim e, sinceramente, acostumei-me a viver assim. Metade humana, metade porcelana. Agarro o meu cabelo longo e selvagem com as minhas mãos frágeis e frias, olho-me ao espelho e sinto-me arrepiada ao perceber o quanto negros os meus olhos podem ser. Mas eu vivo num paraíso escuro e, tudo bem.
Hás dias em que sinto que os raios de sol escondidos em mim já acabaram. E fecho os olhos com força a recordar todos os momentos, todos os pedaços de calor que tenho em mim, todas as vezes que dancei no trigo ao sol e saltei para um riacho sem medo. E lembro-me de dizeres baixinho:
"espírito indomável,
coração selvagem,
ninguém te doma,
espírito indomável,
de coração solitário,
de olhos negros como o fundo do oceano"
E na tua poesia dancei, do teu veneno tomei e com a tua faca empenhei o meu coração.
Não tenho muito por onde fugir. Todos os caminhos vão dar a um espelho partido, por mais que eu corra... Encontro-me. Não importa que esteja descalça, de pés sujos e vestido rasgado, de cabelo despenteado e lábios a sangrar de tão secos que estão: o mais penetrante são os meus olhos perdidos. E afogo-me, tento salvar-me mas não consigo sair deste lugar frio e sombrio.
E eu que sempre fui tão emotiva, sentia tudo a mil e intensamente e agora sou uma sombra. Sou uma selvagem no meio das pessoas, sinto-me constantemente fora de contexto e com medo. Vejo espingardas onde deveriam estar cravos, mentiras onde devia estar amor, desconfiança onde devia estar a felicidade. Como se cura um coração partido?
Sinto que sou mil e uma melodias e que sou mais poesia do que mulher. Vivo num paraíso escuro dentro de mim. Metade feita de carne, coração feito de pedra. Como aguentarei mais carregar este peso no meu peito?
E ouço-te dizer baixinho:
"espírito indomável,
coração selvagem,
ninguém te doma,
espírito indomável,
de coração solitário,
de olhos negros como o fundo do oceano"
Quebraste o meu espírito enquanto eu dançava nas ondas do mar. Roubaste-me a inocência enquanto eu dormia sobre a noite de lua cheia. Sinto-me constantemente nua e frágil. Os meus olhos ainda me pertencem?
E eu corro rápido, fecho os olhos quando meto o braço fora da janela de um carro para sentir o vento, mergulho no oceano e procuro por todos os raios de luz. Mas encontro sempre aquele maldito espelho.
Como se cura um coração partido? Metade humana, metade porcelana. Coração selvagem, espírito quebrado.
Por favor, conduz mais rápido.
Fotografia por Nádia Dias



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